Ausência de Foz no ranking do MTur preocupa Paraná e setor turístico

Em 20 anos, Parque Nacional do Iguaçu saltou de 750 mil para dois milhões de visitantes – números não encontrados em parte dos destinos brasileiros listados na Revista de Tendência

A visitação deste feriado no Parque Nacional do Iguaçu (PNI) mostra, pelo menos, algum equívoco na metodologia usada na pesquisa dos 22 destinos elencados na Revista de Tendência do Ministério do Turismo. Foz do Iguaçu não está na lista da publicação. O roteiro traz atrativos que não registram no ano inteiro os mais de 23 mil visitantes das Cataratas neste carnaval.

Se a proposta é mostrar tendência, o parque do Iguaçu é melhor exemplo pois saltou em 20 anos de 750 mil (em 1999) para dois milhões de visitantes (2019), um aumento de 62,5%. “Eu liguei para o ministério para questionar porque Foz não está nessa lista. Tem cidades ali que não têm o histórico e potencial turístico que justifique estar nesse ranking e nós não”, disse o secretário de Turismo, Paulo Angeli, na Gazeta do Povo. “O turismo está sendo retomado com força aqui desde o fim de 2021, após o pior momento da pandemia. Tanto que no final de semana Foz do Iguaçu está lotada de turistas”, completou.

O GDia teve dificuldades de encontrar os números de visitação de parte dos atrativos listados na tendência. O Parque Nacional Chapada dos Veadeiros (GO) é um exemplo. O parque tem capacidade para atender até 450 pessoas por dia e já chegou a receber, por ano, mais de 70 mil visitantes. Entre 2020 e 2021, dois anos afetados pela pandemia, o PNI recebeu 1.313.702 visitantes: 658.367 (2020) e 655.335 (2021. 

Incongruências
A cidade de Boa Vista, um dos destinos listados, não tem qualquer levantamento a respeito e o turismo não tem destaque na página oficial da capital de Roraima. Outro exemplo é Fernando de Noronha, no litoral de Pernambuco. Em 2021, a ilha recebeu 114.108 turistas, o maior fluxo de visitantes que já recebeu. A administração do local afirma que a capacidade máxima da ilha é de receber 675 visitantes ao dia.

A cidade de Bonito, um destino conhecido no Mato Grosso do Sul, recebeu 205.460 visitantes em 2021. Campos de Jordão, a Suíça brasileira, tem um pico de movimento no inverno e o GDia não encontrou qualquer número que indique as visitações. Em 2019 até início de 2020, antes da pandemia, o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) recebeu mais de 56 mil visitantes.
 
O Aeroporto Internacional de Florianópolis teve, entre 27 de dezembro até 3 de janeiro, uma média de 94 voos por dia. Nos dois primeiros meses de 2022, o aeroporto das Cataratas teve 142 pousos e decolagens, 36 a mais que os 106 projetados no feriado do ano anterior.

Assim como Foz do Iguaçu, Florianópolis (SC), Gramado e Canela, no Rio Grande do Sul, são destinos consolidados, apesar das cidades gaúchas registrarem maior movimento no inverno. Florianópolis e Gramado estão na lista de tendências do Ministério do Turismo. Ilhabela (SP), outro atrativo listado, espera receber mais de 600 mil turistas entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. Os números brutos são estimados a partir dos dados do sistema de travessia de balsa, que liga Ilhabela até São Sebastião.

O Parque Estadual do Jalapão, segundo o Instituto Natureza do Tocantins, registrou 55.579 visitas em 2021, um recorde. O pico de visitação foi julho, com 8.320 registros, e março o mês menos visitado, com 2.350 registros. Praia Grande, a capital dos canyons em Santa Catarina, não tem qualquer registro de visitação. O mesmo acontece com Alter do Chão (PA). Não há registro visitação ou relevância do destinos nas páginas oficiais da cidade de Santarém e do Governo do Pará,

Informações
É claro que a listagem traz destinos consolidados como São Paulo, Rio de Janeiro e parte das cidades praianas do nordeste, o que talvez não se justifique é a ausência de Foz. “Achei a forma como esse levantamento foi feito um descuido grande e espero que o ministério não compile mais as informações dessa forma para fazer o ranking. O ministério deveria compilar ele mesmo esses dados, não pegar de instituições privadas”, disse Felipe Gonzalez, presidente do Visit Iguaçu e do Codefoz.

O deputado Gustavo Fruet (PDT) enviou ofício ao Ministério do Turismo pedindo informações sobre a exclusão de Foz do Iguaçu no ranking. Fruet afirmou que vai indicar ao governo federal a inclusão do destino na lista. “É um absurdo o governo brasileiro excluir da publicação as atrações do Paraná. Foz do Iguaçu é o segundo destino mais visitado do país e as Cataratas sempre estão na lista das 10 maravilhas do planeta”, disse à Gazeta do Povo.

O presidente da Comissão de Turismo na Assembleia, Soldado Fruet (PDT), também enviou ofício a Brasília pedindo que a lista seja retificada. O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) ficou surpreso com a exclusão das cidades paranaenses. “Precisamos reforçar o trabalho de divulgação dos atrativos para que o Paraná não seja deixado de lado como opção de turismo”.

Gdia Foz do Iguaçu