Exames de DNA confirmam morte de criança desaparecida há 30 anos

A Polícia Civil (PCPR) e a Polícia Científica do Paraná identificaram fragmentos genéticos de Leandro Bossi, que desapareceu em Guaratuba, no Litoral, em 1992, com 7 anos de idade. As novidades foram apresentadas nesta sexta-feira (10) em coletiva de imprensa convocada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, que confirmou a constatação de que Leandro morreu.

A identificação é resultado da integração entre as forças de segurança e aconteceu após a coleta das amostras de fragmentos armazenados na Polícia Científica e o confronto com o DNA de familiares do menino. Em outro trabalho similar, o Estado identificou, em 2019, o autor do crime contra a menina Rachel Genofre.

Essa resolução é fruto do trabalho do banco genético do Estado, que integra a Campanha Nacional de Coleta de DNA de Pessoas Vivas Sem Identificação, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O andamento dos procedimentos contou com o apoio do Ministério e da perícia da Polícia Federal.

“É um trabalho que tem avançado com mais celeridade nos últimos anos. A integração das forças de segurança e o trabalho em parceria com a União, além dos avanços tecnológicos, estão ajudando o Estado a responder casos complexos e que demandavam resposta”, disse o secretário de Segurança Pública, Wagner Mesquita.

O Caso Leandro Bossi
Leandro Bossi desapareceu durante um show, em Guaratuba, no dia 15 de fevereiro de 1992. Naquele mesmo ano, no dia 6 de abril, outro menino, Evandro Caetano, de 6 anos de idade, também desapareceu na cidade.

No ano passado, o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), da Polícia Civil, fez coletas de materiais genéticos dos familiares de Leandro. Através de um teste de DNA Mitocondrial, com recursos diferentes dos tradicionais, foi constatada a identidade da amostra da mãe do menino, na comparação com os fragmentos encaminhados pela Polícia Científica.

Para o perito responsável pelo caso, Marcelo Malaghini, coordenador do Laboratório de Genética Molecular Forense da Polícia Científica, o trabalho do Banco Genético foi de extrema importância para chegar a esse resultado depois de tanto tempo.

“O exame genético hoje traz uma segurança muito maior, comparada há 30 anos, quando foram feitas as primeiras análises. Naquela época não havia laboratórios de polícia no Brasil, hoje temos um potencial em análises genéticas, principalmente com esta possibilidade”, afirma.

Campanha Nacional
No Brasil, mais de 6 mil familiares forneceram material genético para o banco de dados da Campanha Nacional de Coleta de DNA. São, ainda, 5 mil restos mortais não identificados.

Através da campanha, a Polícia Científica do Paraná pôde fazer o confronto de materiais e dar início ao projeto embrionário em nível estadual, chamado de “DNA fim da dúvida”, responsável pelo confronto de materiais genéticos.

A campanha é dividida em duas etapas. O primeiro passo é o confronto dos fragmentos de pessoas não identificadas que já faleceram com o dos familiares que foram incluídos no banco. A segunda etapa é feita em pessoas que não foram identificadas, mas estão internadas em abrigos ou hospitais, possibilitando o reencontro com a família.