Indústria criou 47% das vagas de trabalho formal no Paraná em 2020

A indústria foi o setor que mais criou empregos formais no Paraná em 2020. Foram 24.799 novos postos de trabalho no ano. No total, o estado contratou 52.670 trabalhadores, segundo dados divulgados hoje (28/1) pelo Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).

O Paraná foi o segundo estado a gerar mais empregos no Brasil, ficando atrás apenas de Santa Catarina, que somou 53.050 admissões em 2020. O Brasil fechou o ano com saldo positivo de 142.690 novos empregos formais. São Paulo e Rio de Janeiro encerraram o ano com saldo negativo, de -1.159 e – 127.155 postos de trabalhos fechados, respectivamente.

Essa tendência de recuperação do impacto sofrido pelo setor industrial no início da pandemia, quando várias empresas paralisaram suas atividades e demitiram funcionários, já vinha se confirmando nos últimos meses, principalmente a partir do meio do ano passado, com a indústria puxando o crescimento da empregabilidade no estado. O setor da construção civil foi o segundo maior empregador em 2020, com 16.657 novas contratações, seguido por comércio (7.169); agropecuário (2.180); e serviços (1.865).

“A pandemia, em um primeiro momento, afetou todos os setores da economia com a redução dos negócios e criação de expectativas negativas, mas a indústria do Paraná conseguiu reverter essa tendência”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Carlos Valter Martins Pedro. “Um dos fatores mais relevantes nesse contexto foi justamente a recuperação dos empregos que foram perdidos logo após o início da pandemia, com a indústria paranaense conseguindo fechar o ano com um saldo bastante positivo”, completa.

O setor de alimentos foi disparado o que mais contratou. Foram 12.312 trabalhadores admitidos entre janeiro e dezembro do ano passado. Segmentos da madeira e de móveis também desempenharam bem, com criação de 2.678 e 2.619 novas vagas, respectivamente, seguidos por produtos de metal (2.050) e fabricação e máquinas e equipamentos (1.730). Dos 24 setores industriais analisados, apenas cinco ficaram negativos. Os que mais demitiram trabalhadores foram o de confecções e artigos do vestuário (-4.034); automotivo (-1.813); gráfico (-230); derivados do petróleo (-154); e bebidas (-99).

Os setores do vestuário e automotivo, que são grandes empregadores de mão de obra na indústria, foram fortemente impactos no início da crise sanitária, com interrupção total de suas atividades. “O de confecções ainda tem o movimento sazonal, que contrata trabalhadores temporários até meados de outubro para atender à demanda de aumento de vendas no comércio no fim do ano, mas faz dispensas em dezembro. Já o setor automotivo teve influência da queda nas vendas no início da pandemia, com o fechamento das atividades em todo o mundo. Por se tratar de um produto de alto valor agregado, a queda no consumo acaba levando também à redução de produção e ao fechamento de postos de trabalho nas montadoras”, avalia Evânio Felippe, economista da Fiep.

Segundo ele, a manutenção no ritmo de crescimento dos empregos em 2021 está atrelada à recuperação da produção industrial. “Quanto maior o nível de produção nas indústrias, para suprir as perdas causadas desde abril do ano passado, maior será a geração de novas vagas no setor”, alerta. E isso pode até se acelerar este ano se as Reformas Tributária e Administrativa saírem do papel. O economista explica que a primeira vai garantir maior competitividade ao setor produtivo como um todo com a racionalização e simplificação de processos tributários, dando mais segurança fiscal às empresas. Já administrativa vai permitir um ajuste dos gastos públicos, que ficou em segundo plano em 2020 por conta da pandemia. “Estes fatores podem impactar nas expectativas dos empresários e dar mais segurança na retomada de investimentos, aumento de produção e, consequentemente, em maior número de contratações”, reforça.

A campanha de vacinação contra a Covid 19 no Brasil deve ser outro fator fundamental para garantir a melhora no mercado de trabalho. “Quanto mais rápida for a imunização em massa da população, mais acelerada tende a ser a retomada da atividade econômica, com a manutenção e criação de empregos, aumento do consumo e da produção nas indústrias”, destaca.

Além da necessidade de garantir rapidamente a vacina aos brasileiros, outro ponto precisa ser considerado para recuperação dos empregos no Paraná e no país. “O fim dos programas de auxílios para empresas e para as famílias, ainda sem previsão de continuidade em 2021, pode afetar a economia como um todo, com queda no consumo, na produção e demissões”, analisa Felippe.

Dados do Ministério da Economia mostram que foram quase 10 milhões de pessoas receberam o auxílio emergencial do Governo Federal, num total de R$ 33,4 bilhões distribuídos. Foram mais de 20 milhões de acordos firmados pelas empresas, sendo 4,147 milhões por indústrias. Do total de acordos no país, 1,4 milhão adotaram as medidas de redução de jornada ou suspensão de contrato em 2020. No Paraná, cerca de um milhão de acordos foram feitos pelas empresas.