Paraná mantém cronograma para a chancela de área livre de aftosa sem vacinação
Mesmo com todos os desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus, o Paraná conseguiu manter o cronograma para o reconhecimento internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação. A confirmação ocorreu no dia 17 de dezembro, durante a 8ª reunião da Equipe Gestora Nacional (EGN) do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância da Febre Aftosa (PNEFA). Na ocasião, foram anunciadas alterações no cronograma, como o adiamento da suspensão da vacinação contra a doença em diversas Estados.
No encontro, foi realizado o anúncio de que a retirada da vacinação foi adiada em uma série de Estados. Mas o fato de o Paraná (assim como Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e Mato Grosso) estar em um estágio mais avançado que a média nacional, o calendário segue mantido. Assim, em maio de 2021 a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) deve chancelar o território paranaense como área livre da doença sem necessidade de vacina.
“Ninguém consegue prever coisas como uma pandemia no meio do caminho. Mas é justamente por estar preparado para imprevistos, e por termos pressa para conquistar novos mercados para nossos alimentos, é que temos adiantado ao máximo esse processo de reconhecimento”, salienta Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR. “Essa é uma conquista que reúne todos os elos da cadeia produtiva, uma grande vitória que vai alavancar a produção de proteínas animais no nosso Estado”, completa.
O reconhecimento do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação está na reta final. Todos os documentos necessários já foram encaminhados a OIE, que faz as últimas checagens do material. É preciso lembrar que nos últimos dois anos, o território paranaense passou por diversas auditorias e avaliações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), antes que a pasta encaminhasse os detalhes que demonstram a robustez do sistema sanitário estadual. Com isso, o setor aguarda o anúncio oficial pela OIE.
“Temos mais uma prova de que o setor produtivo do Paraná precisa caminhar sempre um passo à frente. Não podemos mais esperar para conquistar novos mercados, gerar divisas e empregos no Estado. Essa é uma demonstração do poder que tem uma mobilização bem feita envolvendo todos os setores da cadeia produtiva”, reforça Ronei Volpi, diretor-executivo do Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Estado do Paraná (Fundepec).
Investimento milionário
O fortalecimento do sistema sanitário do Estado não é recente, mas, reflexo de uma política constante de investimento que começou cinco décadas atrás e que teve participação decisiva da iniciativa privada. Só de 1997 a 2019, o Sistema FAEP/SENAR-PR investiu US$ 10,2 milhões, fomentando a participação em reuniões e congressos de órgãos internacionais e estimulando a criação de políticas públicas.
Rafael Gonçalves Dias, gerente de saúde animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), lembra que além do trabalho desenvolvido ao longo de décadas, nos últimos anos houve toda uma mobilização para que o Estado saísse na frente em relação ao reconhecimento. “O Paraná vem se preparando há anos para que houvesse esse avanço no programa de febre aftosa. Não foi algo só do governo, mas um trabalho conjunto com setores envolvidos, e que é avaliado pelo Mapa com base critérios técnicos”, revela.
Inicialmente, o plano nacional tinha um cronograma no qual o Paraná estava no Bloco V, o último a ter a retirada da vacinação. Esse processo levaria anos e os paranaenses dependeriam de outros Estados para conseguir a chancela internacional. “Como todos os elos da cadeia não concordavam com isso, iniciamos uma mobilização para fazer o Mapa olhar de uma maneira diferente para o Paraná. Essa antecipação foi conquistada muito em função do setor envolvido” lembra Dias.
As auditorias do Mapa, que culminaram no reconhecimento nacional do Paraná como área livre de aftosa sem vacinação, em outubro de 2019, apontaram algumas pendências no sistema sanitário, que foram ajustadas com o passar do tempo. Um dos únicos pontos que ainda aguarda resolução é a realização de um concurso público para contratação de fiscais agropecuários.
“O concurso estava marcado para maio de 2020, mas em função da pandemia houve a suspensão da realização da prova. Estamos em um momento no qual está se aguardando um protocolo de segurança, em função do novo coronavírus. Quando houver autorização dos órgãos competentes e cumpridas as exigências de segurança faremos o concurso para contratação de médicos veterinários e assistentes de fiscalização para Adapar”, analisa Dias.
Faep