Posto de Coleta de Leite Humano incentiva doações da comunidade

Ele é cheio de nutrientes que alimentam e protegem o bebê. O leite materno contém água e gordura, vitaminas, açúcares, substâncias anti-inflamatórias, sais minerais, células-tronco, microRNA e muitos outros componentes. Ele é considerado também a primeira vacina do bebê, já que a mãe transmite a ele todos os anticorpos que precisa. O aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses de idade, em livre demanda, porém a recomendação é para amamentar a criança até os dois anos de idade.

Em Toledo, o Banco de Leite Humano (BLH) Doutor Jorge Nisiide, da Associação Beneficente de Saúde do Oeste do Paraná (Hoesp), mantenedora do Hospital Bom Jesus, atua com orientação às mães, captação de doadoras, coleta, preparo, armazenamento e distribuição do leite. O material em estoque é destinado aos bebês da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Bom Jesus. Além destes bebês com intolerância a outros tipos de leite ou mães que não têm produção suficiente para seus filhos também são beneficiados.

O Banco de Leite Humano recebe doações de Toledo e dos outros 17 municípios da 20ª Regional de Saúde, neste caso o procedimento é acompanhado pelos profissionais da Atenção Básica. Mas um novo Posto de Coleta de Leite Humano começou a operar na Associação Hospitalar Beneficente Moacir Micheletto, em Assis Chateaubriand. A primeira coleta de leite foi enviada ao BLH no dia 6 de junho.

De acordo com a enfermeira Erica Tayná Fernandes, esse posto no Hospital Beneficente Moacir Micheletto tem como principal finalidade a promoção do aleitamento materno. “Além de receber o leite materno e enviar para o BLH em Toledo, realizamos orientações e incentivamos a mãe a amamentar e, como consequência deste trabalho, percebemos a doação do leite materno”.

Antes do funcionamento do Posto de Coleta de Leite Humano, em Assis Chateaubriand, a enfermeira pontua que a equipe observou que muitas mulheres chegavam para ganhar seu bebê com uma lata de fórmula na bolsa, acreditando que não teriam leite suficiente ou que seu leite seria fraco. “Hoje, através do trabalho de incentivo a amamentação isto acontece com menor frequência”, esclarece a profissional.

PROCEDIMENTO – No Posto de Coleta de Leite Humano, em Assis Chateaubriand, ela explica que o trabalho da equipe começa ainda no pré-natal quando as gestantes chegam no hospital no último semestre para dar seguimento as consultas com médico obstetra. Neste momento, as gestantes passam por atendimento com a equipe multidisciplinar e no atendimento a equipe de enfermagem orienta sobre a amamentação.

Já no período de internamento a equipe realiza visitas com orientações para sanar as principais dúvidas, e auxiliar a mãe para colocar o bebê para mamar. A ação também incentiva a participação do acompanhante, aborda sobre a importância da amamentação para a mãe e para o bebê e divulga a possibilidade de doação de leite.

“Este trabalho continua após a alta. Depois de orientada, as mulheres entram em contato com a unidade informando a vontade de doar seu leite materno. No hospital, elas recebem orientações sobre a coleta, armazenamento e transporte do leite; recebem um kit com informações e os frascos para coleta de leite e realiza o preenchimento do cadastro”, explica a enfermeira.

DOAÇÃO – Quando o leite chega até o hospital por meio da entrega da doadora, a equipe faz o processo de armazenamento e, posteriormente o transporte do leite materno recebido até o Banco de Leite Humano do Hospital Bom Jesus, em Toledo, onde é realizado o processo de pasteurização, armazenamento e distribuição.

Atualmente, são 13 doadoras em Assis Chateaubriand. Em junho, quando iniciaram as coletas foram doados 22 litros e 495 ml por seis doadoras e, no mês de julho dez mães doaram 8 litros e 480 ml de leite.

No Banco de Leite Humano (BLH), em Toledo, em maio foram 111 litros e 880 ml doados por 45 doadoras de Toledo e em junho foram 74 litros e 605 ml por 51 doadoras também do município. Das cidades pertencentes a 20ª Regional de Saúde, em maio foram doados 85 litros e 775 ml por 51 doadoras; e em junho foram 74 litros 605 ml por 47 doadoras. Os dados do mês de julho serão contabilizados na próxima semana.

“Todo mês temos variações nos números de doadoras e de leite recebido. Temos algumas mães que já fazem a doação há meses, assim como também tem outras que doam somente alguns dias e a produção de leite estabiliza sendo suficiente somente para os seus bebês. Vale lembrar que qualquer quantidade de leite é bem-vinda, não há regra sobre o tempo de doação e a quantidade de leite doada”, complementa a enfermeira do Banco de Leite Humano Tatiane Maria Pauli.

DEMANDA – Ela salienta que, atualmente, a quantidade de leite recebida pelo BLH, tanto das doadoras de Toledo quanto dos outros municípios, atende a demanda da Hoesp, sendo que as prioridades são os bebês prematuros que estão internados na UTI Neonatal, e os bebês que nascem no Hospital Bom Jesus e necessitam de complemento após o nascimento.

“Quanto as mães que procuram o BLH, podemos dizer que atende parcialmente. Já tivemos muitas famílias beneficiadas com o leite humano pasteurizado, porém houve uma queda em nosso estoque de leite materno, então agora já não conseguimos fornecer igual como antes”.

Tatiane pondera que houveram meses que as doações passaram de 100 litros de leite somente de Toledo; outros meses isso aconteceu com os outros municípios, totalizando quase 200 litros de leite humano no mês. Ela enfatiza que desse total que chega ao BLH, nem tudo pode ser aproveitado, alguns leites não passam no processo de pasteurização devido a presença de sujidade e acidez. “Acredito que o ideal para conseguirmos fornecer para outros bebês seria de 150 a 200 litros por mês”, completa.

INCENTIVO – Para estimular e incentivar o aleitamento materno, no Hospital Bom Jesus, diariamente a equipe do BLH realiza visita nos quartos para as mães que têm os bebês aqui na unidade com orientação e auxílio na amamentação. “O BLH também realiza orientações para as gestantes de alto risco, que acontece todas as terças-feiras a tarde, momento em que elas aguardam a consulta médica. E nos sábados é realizado o curso de casais grávidos para gestantes que estão no 3º trimestre, onde elas são orientadas sobre o aleitamento materno e após visitam o Centro de Parto Normal”.

Quando a mãe recebe alta, ela ainda pode procurar o BLH para mais informações e assessoramento. Os atendimentos são realizados com horário. A equipe do BLH ainda realiza a coleta domiciliar semanalmente, onde a doadora coleta seu leite em casa e a equipe passa na residência para recolher.

Da Redação