Tibagi, nos campos gerais, é o município que mais produz trigo no Brasil

A região dos Campos Gerais tem um município que é líder nacional na produção de um produto agrícola. Trata-se de Tibagi, que se destaca, há anos, como o maior produtor de trigo do Brasil, condição que lhe garante a alcunha de ‘Capital Nacional do Trigo’. Em 2020, por exemplo, segundo os dados da pesquisa da Produção Agrícola Municipal (PAM), divulgada anualmente pelo IBGE, a produção de trigo rendeu a Tibagi R$ 126,8 milhões em riquezas, valor 8,2% superior aos R$ 117,1 milhões da segunda colocada, Itapeva, município do Estado de São Paulo que é vizinho da região dos Campos Gerais. Os números consolidados e finalizados da safra 2021 só serão divulgados oficialmente em 2022.

A produção de Tibagi, segundo os dados do VBP (Valor Bruto de Produção Agropecuária), divulgados neste segundo semestre de 2021, referentes à safra 2019/20, apontam que no ano passado, 30 mil hectares foram ocupados com o plantio de trigo no período do inverno, rendendo, ao final do ciclo, uma colheita de 111 mil quilos. Isso representa uma produtividade média de 3,7 mil quilos por hectare. Essa produção ficou dentro da média regional, que ficou na casa de 3.694 quilos por hectare na referida safra.

O trigo, no entanto, é apenas um dos produtos produzidos pelo agronegócio da cidade de Tibagi. Na safra de verão, Tibagi plantou 100 mil hectares com soja (somando a safrinha), que resultou em uma produção de 395,5 mil toneladas, o segundo maior valor do Estado, atrás apenas de Cascavel (423 mil toneladas na 1ª safra). No ano, portanto, a soja foi o produto que mais gerou riquezas no agronegócio de Tibagi (R$ 554 milhões), seguida pelo trigo.

Cabe destacar que a região dos Campos Gerais é a que mais produz trigo no Estado do Paraná. Embora a regional de Cascavel ocupe uma área maior com esse cultivar (176,8 mil hectares na safra 2020 e 192 mil hectares na safra 2021; contra 131,8 mil hectares nos Campos Gerais em 2020 e 155,5 mil hectares em 2021), a produção dos 18 municípios abrangidos pelo núcleo regional do Departamento de Economia Rural (Deral) foi maior. Em 2020, a região dos Campos Gerais produziu 487,2 mil hectares de trigo, o equivalente a 15% do Estado (em Cascavel a produção atingiu 411,2 mil hectares), enquanto que em 2021 essa produção alcançou 550 mil hectares (contra 470 mil hectares de Cascavel), correspondendo 17% de tudo o que foi produzido no Estado neste ano (3,23 milhões de toneladas). A produção nacional de trigo em 2020 foi de 6,34 milhões de toneladas.

Tibagi também é o maior produtor estadual de aveia, outro cultivar de inverno, e ocupa a 15ª posição no ranking nacional deste grão. Em 2020, foram produzidos 13,5 mil toneladas de aveia branca, segundo os dados do VBP, resultando em um valor bruto de produção de R$ 10,03 milhões. Todos os municípios à frente de Tibagi neste cultivar são do Rio Grande do Sul – o ranking nacional é liderado por Muitos Capões. 

Inúmeros fatores contribuem para o protagonismo de Tibagi

O secretário de Agricultura e Abastecimento do município de Tibagi, Agérico Prestes, destacou vários pontos que fazem com que Tibagi seja líder na produção de trigo. De acordo com ele, entre os principais motivos estão as condições geográficas, a começar pela ampla extensão territorial da cidade, a segunda maior entre os municípios paranaenses – atrás apenas de Guarapuava. “A nossa localização geográfica, o fato de ter solo leve e uma altitude em torno de 700 a 1,3 mil metros, também favorecem o desenvolvimento do trigo. O nosso inverno não é muito chuvoso e nem muito seco, com uma estação fria, mas com pouca incidência de geada forte, então não tem risco climático. A distribuição de chuva ocorre de forma favorável para esse desenvolvimento”, explica o secretário.

Contudo, apenas área e clima favorável não bastam para ter uma alta produtividade. Muito além de quantidade, o município colhe trigo com alta qualidade, com grande rendimento por hectare, e isso é justificado por uma série de outros fatores. “Estamos próximos a grandes centros de desenvolvimento de alternativas, é implementada a rotação de culturas, do trigo com soja e milho, que se adaptam bem, e os produtores dessa área também tem uma tecnologia bastante avançada. Há muito investimento em tecnologia e na correção do solo”, ressaltou, reforçando ainda que a maior parte da produção está concentrada na mão de grandes produtores e que as cooperativas exercem um papel importante na ampliação da produtividade com a orientação técnica e assistência.

No âmbito municipal, Prestes afirma que a prefeitura presta incentivo junto aos pequenos e médios produtores, auxiliando quanto aos tratamentos de correção do solo, incentivo à rotação de cultura e plantio direto, por ser um sistema que funciona muito bem para a produção de soja e milho no verão. Além disso, a cidade possui mais de 8 mil quilômetros de estradas rurais e a prefeitura trabalha na adequação dessas estradas, com correção e cascalhamento, para o escoamento da safra. Todas essas características da cidade, destaca o secretário são um diferencial para a cidade receber alguma indústria que faz o beneficiamento desses produtos, tendo em vista que, hoje em dia, toda a produção vai para o exterior ou é beneficiada em outros municípios. 

Região também se destaca na produção de cevada no inverno

A cidade que mais produz cevada no Brasil é Guarapuava, localizada na região central do Paraná, que é o estado líder em produção nacional deste produto, e detém mais da metade da produção nacional. Embora este, que é o maior município em extensão territorial do Paraná, lidere a produção, com uma produção que rendeu R$ 106,5 milhões à cidade, há nove municípios dos Campos Gerais entre os 20 que mais produzem cevada no país. A produção de cevada de Guarapuava totalizou um valor superior ao dobro da segunda colocada, o município de Pinhão, também do Paraná, com R$ 46,3 milhões. Dos Campos Gerais, o município que mais produziu cevada em 2020, segundo a PAM, foi Ponta Grossa, na 5ª posição nacional (R$ 23 milhões), e Tibagi, na 6ª posição (R$ 18,7 milhões). Na sequência se destacam Ipiranga (9ª), Castro (10ª), Carambeí (11ª), Teixeira Soares (14ª), Arapoti (16ª), Palmeira (17ª) e Imbituva (19ª).

São João do Triunfo lidera na produção de fumo

Se Tibagi lidera na produção de Trigo, o município de São João do Triunfo é destaque nacional na produção de fumo. Em 2020, em uma área de quase 8 mil hectares, foram colhidos 22,5 mil toneladas, segundo dados do VBP. Isso corresponde a quase 3% de toda a produção nacional – segundo dados da Produção Agrícola Municipal (PAM), que foi de 702,2 mil toneladas de fumo. Segundo a mesma PAM, o valor da produção  em São João do Triunfo atingiu R$ 213,8 milhões, montante que é quase 20% superior aos R$ 179 milhões registrados pelo segundo colocado, Venâncio Aires, do Rio Grande do Sul. Dos 20 maiores produtores nacionais, seis estão nos Campos Gerais: compõem essa lista Prudentópolis, na 8ª colocação (R$115,3 milhões); Imbituva, na 13ª posição (R$ 89,4 milhões); Ipiranga, na 14ª (R$ 89 milhões); Palmeira, na 17ª (R$ 77,5 milhões); e Irati na 20ª colocação (R$ 76,5 milhões).

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