Vacina da UFPR é promissora e precisa de mais recursos para avançar, afirma Michele Caputo

O deputado Michele Caputo (PSDB) visitou nesta terça-feira (6) o Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), responsável pela pesquisa e desenvolvimento da vacina contra a covid-19. O imunizante começou a ser desenvolvido em junho de 2020 e atualmente está na fase dos testes pré-clínicos.

“Uma pesquisa que busca desenvolver uma vacina com tecnologia 100% nacional e baixo custo de produção precisa ser valorizada. A próxima etapa exige novos investimentos e parcerias. Por isso, tentaremos viabilizar parte desses recursos via Alep”, afirmou o deputado, coordenador da Frente Parlamentar sobre o Coronavírus.

Os testes pré-clínicos, realizados apenas em animais, estão apresentando resultados animadores. Testes em camundongos revelaram que, após duas doses da vacina, a quantidade de anticorpos produzidos alcançou concentração maior que a da parceria AstraZeneca/Oxford. A previsão de conclusão dessa fase é para o início do próximo ano e, então, será possível solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorização para testes em humanos.

RECURSOS – Para a finalização da fase atual, o grupo já conseguiu R$ 230 mil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e R$ 995 mil do Governo do Estado, por meio da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. No entanto, ainda são necessários R$ 500 mil para fazer os ensaios toxicológicos, essenciais para finalizar os estudos pré-clínicos.

Para os testes clínicos (fases 1, 2 e 3), em animais, serão mais R$ 10 milhões de emenda da bancada federal. A previsão é que essa fase seja iniciada apenas em meados de 2022.

MULTIFUNCIONAL – De acordo com o professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR Emanuel Maltempi de Souza, será uma vacina 100% paranaense, com insumos nacionais e desenvolvida integralmente no Estado, com tecnologia feita na própria Universidade. Outro ponto positivo é o custo de produção: segundo os pesquisadores, hoje são gastos menos de cinco reais para fabricar cada dose.

Além disso, o imunizante tem características multifuncionais. Isto quer dizer que pode ser recombinada para servir como imunizante para outras doenças, como dengue, zika vírus, leishmaniose e chikungunya. “Mais que uma vacina contra a covid-19, possivelmente teremos uma nova plataforma tecnológica para a saúde, com diversas outras aplicações”, afirmou o professor.

O objetivo, futuramente, é desenvolver uma vacina e depois contar com parceiros para a parte de produção em larga escala.

PRESENÇAS – Na ocasião, o deputado Michele Caputo também visitou o laboratório onde é feito o sequenciamento genético da covid-19 e o laboratório onde está sendo desenvolvido um novo teste rápido de sorologia da doença, também numa plataforma bem mais barata.

Estavam presentes a vice-reitora da UFPR, Graciela Bolzon de Muniz; o professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular Marcelo Müller dos Santos; e o professor do Departamento de Patologia Básica Breno Beirão.

As informações levantadas na visita técnica integraram o relatório da Frente Parlamentar do Coronavírus, que recentemente completou um ano de trabalho.