Alexandre de Moraes anuncia prisão de quem fizer disparos em massa em 2022

O ministro Alexandre de Moraes, eleito inimigo número um pelo presidente Jair Bolsonaro, continuará sendo uma pedra no caminho do governante. A partir de agosto de 2022, às vésperas das eleições, ele assumirá a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na sessão de hoje, quando foram julgadas ações de cassação contra a chapa vencedora em 2018, o ministro disse que houve disparos em massa de mensagens em redes sociais na campanha, prática proibida. E prometeu punir com prisão quem fizer isso no ano que vem.

“A Justiça Eleitoral, assim como toda a Justiça, pode ser cega, mas ela não é tola. Não podemos criar de forma alguma um precedente avestruz, ‘ah, não ocorreu nada’. Todo mundo sabe o que ocorreu, todo mundo sabe o mecanismo utilizado nas eleições e depois das eleições”, disse o ministro no voto. “Se houver repetição do que foi feito em 2018, o registro será cassado, e as pessoas que assim fizerem isso irão para a cadeia por atentarem contra as eleições e a democracia no Brasil”, completou.

A chapa Bolsonaro-Mourão foi absolvida no TSE por falta de provas. Moraes disse que em 2022 não será bem assim: “Agora, a Justiça Eleitoral não será pega de surpresa. O Brasil foi pego de surpresa em 2018 por essas milícias digitais. A Justiça aprendeu, se preparou, e esse julgamento deixa muito claro que nós ja sabemos como são os mecanismos. Já sabemos quais provas devem ser obtidas e como. Não vamos admitir que essas milícias digitais tentem novamente desestabilizar as eleições a partir de financiamentos espúrios não declarados”.

O ministro fez questão de dizer que o gabinete do ódio existe sim – e citou as reportagens da jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, que revelou o esquema de disseminação de notícias falsas. Segundo Moraes, o TSE não vai criar uma “jurisprudência avestruz”. “Nós podemos absolver aqui, por falta de provas, mas sabemos o que ocorreu. Sabemos o que vem ocorrendo e não vamos permitir que isso ocorra. Não podemos criar um precedente, olhar tudo o que foi feito e passar o pano”, disse.

UOL