PT negocia federação partidária com o PSB e PCdoB

Mesmo antes da aprovação da lei que permite a federação, o PT já havia definido que montaria uma estratégia para tentar elevar a sua bancada na Câmara com a candidatura de nomes de destaque. A disputa por vagas na Câmara em 2022 é vista na sigla como mais importante do que as eleições para os governos estaduais.

Para o mesmo dirigente, a formalização da federação serviria como resposta a movimentos vistos entre os partidos de centro-direita, como a fusão do DEM com o PSL, que resultará na sigla União Brasil. O partido teria a maior bancada da Câmara entre os eleitos em 2018, com 82 deputados — muitos devem sair, porém.

Com risco de ser atingido pela cláusula de barreira, o PCdoB se tornou o principal interessado na viabilização da federação. A comissão política nacional do partido se reuniu na sexta-feira e decidiu que tratará do tema de forma “célere”. “A federação que o PCdoB trabalha para construir estará vocacionada a ser o esteio da derrota da extrema-direita e da conquista de um governo de amplas forças políticas que restaure a democracia e promova a reconstrução do país”, diz nota do partido.

Para o PSB, a federação seria uma forma de solucionar um problema que vem sendo enfrentado por todos os partidos médios: a formação de chapas para as disputas de deputados em todos os estados da federação. Essa será a primeira eleição nacional sem a possibilidade de coligação nas disputas proporcionais. As coligações permitiam que um ou mais partidos se unissem apenas para a eleição. As configurações podiam ser diferentes em cada estado.

A formação das chapas é importante porque mesmo os deputados que não são eleitos ajudam a elevar o total de votos de cada partido (ou federação). É pelo total de votos que se define a quantidade de cadeiras a que cada legenda — ou federação — terá direito. Apesar da dificuldade de formação de chapas, há focos de resistência dentro do PSB à formação da federação com o PT.

— Esse é um assunto polêmico. O que há, por enquanto, é uma discussão, cujo resultado não há como saber ainda — afirma Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB.

Além das questões nacionais, a federação terá que contemplar também as disputas estaduais. Em São Paulo, se os três partidos decidirem se unir, o ex-governador Márcio França (PSB) e o ex-prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), que hoje se colocam como pré-candidatos ao governo de São Paulo, terão que estar unidos na eleição. Apenas um dos dois poderá manter o seu projeto de concorrer ao comando do estado como cabeça de chapa.

Afinidade ideológica
A federação de partidos, pelo texto aprovado no Congresso, permite a união de siglas com afinidade ideológica e programática, sem a necessidade de fundir os diretórios. A união deve durar, pelo menos, quatro anos e o partido que se desligar antes desse período perde, por exemplo, o acesso ao fundo partidário.

O modelo de federação difere das coligações eleitorais, que valem apenas pelo período da campanha. No caso das eleições proporcionais, essa possibilidade de aliança foi abolida pelo Congresso em 2017.

O Globo