Mudanças internas gera greve na Petrobras
Em uma ação de greve de 24 horas, trabalhadores da Petrobras realizaram uma paralisação em diversas unidades da empresa nesta quarta-feira, 26 de março, em protesto contra as recentes mudanças no regime de teletrabalho e nas condições de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A mobilização, que envolveu tanto trabalhadores administrativos quanto operacionais, visa reverter as alterações impostas pela gestão da Petrobras e garantir benefícios que, segundo os petroleiros, impactam negativamente suas condições de trabalho.
Principais Reivindicações
A greve foi motivada principalmente pela redução do regime de teletrabalho. A partir de abril, a Petrobras determinou que os trabalhadores passem a realizar apenas dois dias de trabalho remoto por semana, em vez dos três dias anteriores. A medida gerou descontentamento entre os funcionários, que veem o teletrabalho como uma conquista importante, principalmente após o período de pandemia.
Além disso, a categoria denuncia um corte significativo de 31% nos valores pagos aos trabalhadores por meio da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), enquanto os acionistas continuam a receber uma parcela substancial dos lucros da empresa. Para os petroleiros, esse descompasso nos lucros e nos benefícios é um reflexo das decisões da gestão que não consideram os interesses dos trabalhadores, responsáveis pela operação e manutenção das unidades da Petrobras.
Mobilização Nacional
A paralisação teve adesão de petroleiros em diversos estados, com destaque para unidades no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Ceará, Paraná e Pernambuco. As paralisações ocorreram principalmente nas refinarias e plataformas de petróleo, afetando temporariamente a produção e operações da empresa. Contudo, a Petrobras informou que não houve impactos significativos na produção de derivados de petróleo, devido à natureza da paralisação.
O movimento foi coordenado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), que afirmou que a greve foi uma advertência à gestão da Petrobras. De acordo com a FUP, a mobilização tem o objetivo de chamar a atenção para o descontentamento da categoria, além de buscar negociações para reverter as mudanças no teletrabalho e garantir a preservação da PLR integral, como já foi acordado em anos anteriores.
Posicionamento da Petrobras
Em resposta à paralisação, a Petrobras divulgou uma nota afirmando que respeita o direito de manifestação dos trabalhadores, mas reiterou que a decisão de ajustar o regime de teletrabalho faz parte de uma estratégia para alinhar a empresa aos novos desafios impostos pelo seu Plano Estratégico. A companhia explicou que a proposta de reduzir os dias de teletrabalho para dois por semana foi discutida com os sindicatos e visa garantir a adaptação da empresa às novas necessidades operacionais.
Em relação à PLR, a Petrobras argumentou que os critérios de distribuição dos lucros são transparentes e seguem uma metodologia que leva em conta o desempenho financeiro da empresa.
Próximos Passos
A FUP e seus sindicatos se reunirão nesta quinta-feira, 27, para avaliar os próximos passos da greve e decidir sobre a continuidade do movimento. A categoria deixa claro que, caso as negociações não avancem de forma satisfatória, outras ações podem ser tomadas nas próximas semanas, com o objetivo de garantir que suas reivindicações sejam atendidas.
A greve de 24 horas é considerada um marco no atual cenário de negociações entre os petroleiros e a gestão da Petrobras, refletindo a insatisfação com o tratamento dado às condições de trabalho e à distribuição de lucros na estatal.