Vacina contra Herpes Zoster pode reduzir em 20% os casos de demência
O aumento da longevidade é apontado como principal fator para o crescimento dos casos de demência, sendo a doença de Alzheimer a forma mais comum. Embora já se saiba que fatores genéticos e ambientais influenciam o aparecimento da doença, sua causa exata ainda é desconhecida. Recentemente, evidências apontam que infecções por vírus que atacam o sistema nervoso, como o herpes zoster, também podem contribuir para o desenvolvimento de demências.
Diante disso, surgiu a hipótese de que a vacina contra o herpes zoster poderia ajudar a prevenir casos de demência. No entanto, testar essa ideia por meio de um experimento clínico tradicional seria eticamente inviável, já que a vacina é recomendada para todos os idosos, o que impediria a formação de um grupo de controle não vacinado.
A inovação veio com o uso de um “experimento natural” no País de Gales, Inglaterra. Em 1º de setembro de 2013, o sistema de saúde local estabeleceu que todos os indivíduos com 71 anos ou mais — nascidos antes de 2 de setembro de 1942 — deveriam receber a vacina. Essa decisão criou dois grupos comparáveis: os vacinados aos 71 anos e os não vacinados, que já tinham 79 anos em 2013 e, portanto, não foram incluídos no programa. Ambos os grupos foram acompanhados por sete anos, dos 71 aos 79 anos de idade.
A análise dos dados revelou que os vacinados apresentaram uma redução de 20% nos casos de demência em comparação com os não vacinados — efeito ainda mais evidente entre as mulheres. Embora o estudo não esclareça os mecanismos por trás dessa proteção, ele reforça os benefícios da vacinação.
No Brasil, a vacina contra herpes zoster já está disponível e é recomendada para prevenir a doença, conhecida por causar lesões dolorosas na pele. Esta nova descoberta fornece mais um motivo para que os idosos considerem a imunização como medida preventiva também contra a demência.